domingo, 21 de fevereiro de 2016

PARAÍSO IMPERMEABILIZADO – Um caso real

O PARAÍSO fica em Paracambi (RJ) e trata-se de um Bairro que teve por iniciada sua ocupação nos primórdios dos anos 1980 do Século passado. Situado em área vizinha a extinta Casa de Saúde Dr. Eiras (que foi o maior hospital psiquiátrico da América Latina), a localidade reflete hoje problemas para si e muito mais em seu entorno. A causa primordial fica por conta do processo de urbanização, através da deficiência de seu esgotamento pluvial na ocorrência de chuvas mais intensas.
Enquanto o assentamento das pessoas ocorria no local que possuía ruas com traçados em terra bruta, sem nenhuma espécie de calçamento, além de contar com centenárias bacias naturais que acomodavam as águas, os problemas não eram intensos. Claro que o desconforto dos pioneiros moradores com lama, umidade e mosquitos aconteciam, porém, era um risco calculado e que ficava limitado ao Bairro em formação.
Com o tempo o Paraíso começou a fazer jus ao seu nome (sob a ótica urbana). Recebeu calçamento com paralelepípedos que acabou evoluindo para asfalto. O primeiro sinal da impermeabilização começa aí. Se antes o piso das ruas absorvia água (apesar da lama), depois, em níveis diferentes essa absorção diminuiu e mesmo parou de existir. Combinando este fator com a construção de casas e outros melhoramentos sob as mais variadas formas em alvenaria, completou-se uma fase da impermeabilização do Bairro.
As existentes bacias naturais foram aterradas e transformadas em lotes vendidos. A planta urbana ficou nivelada encerrando-se a acumulação natural das águas, rompendo o equilíbrio entre o que fica e sai na bacia hidrográfica urbana do Paraíso. Somam-se a isso as impermeabilizações por mãos humanas, mais a restrita capacidade de vasão das águas da chuva por conta do esgoto pluvial construído. O Paraíso passou a acumular e transbordar água. Os moradores em sua parte mais baixa passaram a sofrer com as enchentes e os seus vizinhos da rua mais próxima no Bairro de Lages compuseram o quadro de novas vítimas. Os primeiros sinais desse problema ocorreram a partir do final dos anos 1990.
Em pouco mais de 10 anos o “conforto, segurança e bem estar” da urbanização com asfalto e concreto acaba por conduzir a um novo problema: enchentes provocadas pela impermeabilização do terreno.
Tudo poderia ser evitado se a planificação do loteamento fosse devidamente interpretada pelas autoridades locais e transformada em um projeto com um toque de sustentabilidade. Se isso acontecesse, não haveria enchentes no Paraíso e adjacências.